quarta-feira, 24 de março de 2010

ZEN SHIATSU COMO RECURSO TERAPÊUTICO DA CINESIOLOGIA APLICADA, CONSIDERANDO A CORPOREIDADE


A palavra cinesiologia é formada por dois verbos gregos – “kinein” que significa mover e, “logos” que é estudar. A Cinesiologia, para Rasch (1989), é o estudo do movimento, combinando a anatomia, a ciência da estrutura do corpo, com a fisiologia, a ciência da função do corpo para formar a Cinesiologia que é a ciência dos movimentos do corpo. De acordo com Moreira e Russo (2005, p.12), a Cinesiologia é “a cientificidade do movimento humano”, sendo uma forma de avaliação anatômica, mecânica ou fisiológica do movimento, considerando todo o sistema musculoesquelético e seus componentes.
Conforme Rasch (1989), os cinesiologistas do futuro são envolvidos por toda a gama de organismos vivos e terão que integrar as várias subdivisões de áreas de estudo. Assim, a Cinesiologia Simbólica ou Psicologica, é:

o estudo das reciprocidades do movimento e significado, no que concerne a tópicos como imagem corpórea, auto-imagem, expressão estética, comunicação cultural, personalidade, motivação e auto-percepção. (RASCH, 1989, p.10).

A junção de várias áreas de estudo também contribuiu para a formação da Cinesiologia Holística, definida por Oliveira (2009, p.1) como sendo:

uma síntese moderna entre a fisioterapia e a medicina chinesa, que integra o teste muscular como instrumento de avaliação funcional, técnicas suaves de manipulação e mobilização articular, exercícios terapêuticos, conhecimentos de acupuntura, nutrição e neuropsicologia.

A Cinesiologia Holística surge para tratar as pessoas com dores, desequilíbrios posturais, disfunções ligadas ao estresse, avaliando a bioenergia dos músculos, testando-os com o intuito de saber se estão ligados ou desligados, balanceando-os e restabelecendo o equilíbrio orgânico e psicológico. (Busetti et al, 1998).
De certa forma, todas as Cinesiologias procuram avaliar o movimento humano, o qual é realizado por uma estrutura especial formada pelos músculos, ossos e articulações.
Os músculos e a gravidade são os produtores do movimento humano. Os músculos ajudam o corpo a manter uma posição, levantar ou abaixar uma determinada parte o corpo, acelerar ou desacelerar um movimento e, gerar velocidade no corpo ou em um objeto jogado por este corpo. Para gerar esses movimentos, os músculos têm a capacidade de contração rápida, mas depois, requerem repouso, mesmo em atividades breves. Essa tensão no músculo gera uma compressão nas articulações, aumentando sua estabilidade. A tensão gerada, em algumas posições articulares, pode tracionar os segmentos de forma a separá-los, criando instabilidade. A musculatura é usada assimetricamente na maioria das atividades. Quando um lado do corpo utiliza um grupo específico de músculos, o outro lado utiliza outros músculos diferentes ou opostos. Porém, os músculos também são utilizados simetricamente para levantar peso, saltar, quando os dois lados do corpo realizam o mesmo movimento, com a utilização dos mesmos músculos (BANKOFF, 2007).
O corpo humano possui muitos músculos esqueléticos, tendo mais de 400 músculos que podem representar de 40% a 50% do peso corporal. Toda a força muscular que agem sobre o sistema de alavancas ósseas do corpo, movimenta um ou mais ossos, permitindo a realização do movimento desejado. O estudo sobre as contrações musculares tem evoluído para compreender a relação existente entre o tecido muscular e os demais sistemas do corpo humano. A rede de sistemas orgânicos possui uma importância vital no desempenho geral do indivíduo, no que se refere ao seu movimento e sua atividade física (MOREIRA & RUSSO, 2005).
Além dos músculos, os componentes que fazem parte do sistema osteomioarticular são os ossos e as articulações. Na arquitetura do corpo, os ossos são unidos por tecidos moles, as cartilagens, para formar o sistema esquelético, o componente de maior resistência e rigidez. O sistema esquelético apresenta três funções, segundo Moreira & Russo (2005, p. 26): “sustentação para o sistema musculoesquelético, proteção dos órgãos internos e importante processador de hematopoiese e homeostase”. Além dessas, Bankoff (2007, p. 118) afirma que o sistema esquelético desempenha a função de “alavanca e suporte, são importantes para o movimento humano”.
As articulações, que são a junção de dois ou mais ossos, são estruturas que atuam como eixos, articulando os movimentos dos segmentos do corpo. As ações articulares são complexas e auxiliam nas mais variedades atividades físicas e cotidianas (BANKOFF, 2007; MOREIRA & RUSSO, 2005; RASCH, 1989).
A amplitude de movimentos, a flexibilidade, é limitada pelos ligamentos, comprimento e extensibilidade dos músculos, tendões, interposição de massas de tecidos moles ou o contato de um osso contra o outro. A flexibilidade está diretamente ligada ao movimento do corpo humano, podendo também ser afetado por este ou pelas posturas inadequadas do corpo, restringindo o movimento e modificando a estrutura osteomioarticular. (RASCH, 1989).
A flexibilidade é um componente específico para cada articulação e tende a diminuir gradualmente do nascimento para a senilidade. Bankoff (2007, p. 81) afirma que as “posturas habituais e o fatigante trabalho cotidiano, dentro de amplitudes limitadas de movimento, levam a um encurtamento adaptativo dos músculos”. Depois de alguns anos, a diminuição da amplitude de movimentos tende a se tornar permanente e é difícil de reverter este quadro. Conforme Rasch (1989, p. 20) “a falta de flexibilidade normal pode ser responsável por má postura, compressão de nervos periféricos, dismenorréia e outros males”. Tanto Rasch (1989) quanto Bankoff (2007) afirmam que um programa planejado de exercícios de resistência progressivos, de alongamentos, provavelmente aumentará a flexibilidade.
Segundo Tinbergen (1973 apud Bolsanello, 2008) “o mau uso permanente dos músculos do corpo (como os causados por tempo demais sentado ou muito tempo andando) pode fazer com que todo o sistema funcione mal”. Bolsanello (2008, p.16) afirma que “o movimento não é só um fenômeno biomecânico, mas uma característica essencial do ser humano. A sensação, a emoção, o pensamento e a memória são movimento. A vida é movimento”.  Conforme Gaiarsa (apud Feldenkrais, 1972, p. 10) “o equipamento neuro-osteo-muscular que nos coloca e nos move no mundo, é o dispositivo eletro-mecânico mais complexo, o mais versátil e engenhoso do universo conhecido”.
É através do próprio indivíduo que se tem o parâmetro para analisar se há um distúrbio ou uma patologia, sendo sempre o indivíduo tomado como referência. Tornando, assim, os limites patológicos e normais diferentes para o coletivo. Através da experiência de si que se pode avaliar como referência para que uma nova situação imponha transformações que lhe deixem incapaz de realizar tarefas que antes conseguiria. Isso pode ser analisado pelo próprio indivíduo ou por outra pessoa, dentro do contexto do ser analisado, dentro de sua corporeidade. Quando se inclui a experiência de vida do indivíduo para esta avaliação entre o normal e o patológico é que sem tem a unidade psicofísica. (CANGUILHEM, 1943 apud RESENDE, 2008).
Mas toda a anatomia é envolvida e transformada pelas emoções, sensações e pensamentos em que o corpo vivencia, não sendo somente músculos, ossos, articulações, mas estruturas que reagem a experiências maiores, destacando a importância da consideração da corporeidade. A emoção e o comportamento reativo a estes estímulos é que movimenta o corpo, com o auxílio de toda a estrutura musculoesquelética. É nessa conexão entre emoção, comportamento e ação que nem sempre o corpo organiza suas reações de forma satisfatória. Age de forma organizada, mas não consegue reverter este quadro para voltar a um estado de equilíbrio, de repouso. (KELEMAN, 1992, 1995). As pessoas aprendem a agir diante de uma emoção, mas não consegue reformular estes vínculos psicoemocionais internos:

Somos capazes de agir, mas não de inibir a ação. Podemos nos enraivecer, mas não conseguimos nos acalmar. Podemos ter pensamentos e emoções que não conseguimos reunir ou separar. Podemos ser incapazes de criar uma experiência emocional que satisfaça. Esse uso inadequado de nós mesmos, muitas vezes, leva à doença ou ao distresse emocional [...] Contudo, história emocional é uma organização somática que tanto requer desestruturar quanto reorganizar. (KELEMAN, 1995, p.15 e 16).

Há uma ordem e organização natural no corpo humano moldada pelas experiências internas e externas desde seu nascimento e ao longo da vida, através dos desafios e tensões da existência. Conforme Leloup (1998, p.15) “o corpo é nossa memória mais arcaica”. Tudo o que acontece nele não é esquecido e cada acontecimento vivido, desde a infância, deixa uma marca profunda no corpo. Quando essa ordem de sentir, reagir e voltar ao “normal” é rompida, outras reações surgirão como a raiva, a angústia, o desespero, a tristeza, a frustração. (KELEMAN, 1995).
Conforme Page (2001) a tensão é essencial à vida, é o fator que proporciona o movimento, a ação. O problema é a tensão além do limite, o estresse que se manifesta quando se vai além da amplitude da existência, quando se suporta pressões emocionais enormes. A reação a essa tensão exagerada pode se tornar a causa principal de muitas doenças. Keleman (1995, p.19) afirma que “esse princípio - tensões corporais resultam de interferências na contração e relaxamento rítmicos – é o fundamento do processo terapêutico somático, cuja meta é reestabelecer padrões de alongamento e contração”.
Por essa razão, o Shiatsu, que se serve do poder do toque e da pressão, dá acesso às pessoas que recebem esta massagem, a oportunidade e a capacidade de autocura. (LIECHTI, 1994). A palavra japonesa Shiatsu significa: “shi” (dedo) e “atsu” (pressão) – pressão com o dedo (JAHARA-PRADIPTO, 1986).  Conforme o ministro japonês da Saúde e do Bem-Estar (apud Masunaga & Ohashi, 1977, p. 17):

a terapia do shiatsu é uma forma de manipulação administrada com os polegares, os dedos e a palma das mãos, sem o uso de qualquer aparelho mecânico ou de outro tipo, para aplicar pressão sobre a pele, corrigir o mau funcionamento interno, promover e manter a saúde e tratar de doenças específicas.

De forma resumida, a história do Shiatsu remonta de muito tempo, suas origens se confundem com os primórdios da medicina tradicional oriental, cerca de 350 a.C., quando foi introduzido na China, um sistema de exercícios voltados para o controle sensorial e para a saúde, denominado Tao-Yinn que combinavam a massagem e a terapia em si mesmo, através de pontos de pressões com o intuito de desintoxicar e rejuvenescer. Essa técnica foi logo transmitida para outros países da Ásia e Coréia. No Japão, a medicina chinesa já tinha sido introduzida desde o século X a.C., depois foi introduzida a técnica do Tao-Yinn (Do-In) junto com outras técnicas como a cura pela vibração das mãos, pressão e massagens em pontos, conhecido como Anma.(JARMEY & MOJAY, 1999).
A Anma, no Japão, era realizada pelos cegos, que tornou uma profissão para eles, sendo um método seguro e simples de tratamento, associada ao prazer a ao conforto. Durante a era Edo (1600-1867) foi exigido dos médicos japoneses que estudassem a Anma para entender e compreender a estrutura e o funcionamento do corpo humano pelas linhas meridianas. Na segunda metade do século XIX, a Anma foi substituída pela massagem ocidental pela influência da cultura ocidental devido à abertura do Japão.  Por este contato, os japoneses importaram um método moderno de manipulação que se concentravam nas estruturas ósseas, no sistema nervoso autônomo e no funcionamento dos órgãos internos, não sendo só manipulados os músculos, linfa e a circulação sangüínea como na massagem. Alguns terapeutas tradicionais da Anma estudaram esse novo método, combinando com sua técnica, criando, assim, um método próprio, o Shiatsu. O verdadeiro reconhecimento do Shiatsu, no Japão, como uma terapia manipulativa confiável foi há cerca de setenta anos. (MASUNAGA & OHASHI, 1977; JAHARA-PRADIPTO, 1986; NAMIKOSHI, 1987 e 1992; LIECHTI, 1994; JARMEY & MOJAY, 1999).
Vários terapeutas tiveram seu reconhecimento na formulação do Shiatsu, mas, aqui, enfatiza-se o Zen Shiatsu porque seu propósito é de “conseguir o esclarecimento total do homem através da descoberta de si mesmo”, conforme Masunaga & Ohashi (1977, p. 7).
O Zen Shiatsu foi criado por Shizuto Masunaga e é caracterizado pela aplicação do Princípio de Tonificação e Sedação do Kyo-Jitsu[1], uma extensão dos Canais de Energia junto com uma condensação de sínteses da Medicina Tradicional Chinesa, Fisiologia e Psicologia Ocidentais. (JARMEY & MOJAY, 1999). O criador do Shiatsu Zen ampliou a rede de meridianos para que se pudesse ter maior liberdade na hora de trabalhar com a energia corporal, aliado à alongamentos e diagnóstico “ampuku”, diagnóstico e terapia da região abdominal (hara).
O Shiatsu trata o corpo de uma maneira geral, vitalizando a pele, tornando os músculos mais flexíveis, estimulando a circulação dos líquidos corporais, regulando as funções nervosas, controlando o sistema endócrino, atuando no sistema esquelético e no sistema digestivo, tudo através da pressão dos dedos e mãos. (NAMIKOSHI, 1992). Segundo Liechti (1994), Masunaga se interessava pelos aspectos fisiológicos, emocionais e espirituais do desequilíbrio energético, procurando que aspecto da vida, em função dos meridianos, estaria perturbando o indivíduo.
O princípio fundamental do Zen-budismo é o de “alcançar o estado de iluminação através do autoconhecimento. O Zen usa a meditação, mas não é a meditação [...] Zen significa ‘abertura da mente para a presença do sinal celeste’, ou ‘a meditação que leva ao vislumbre”, conforme escreve Jahara-Pradipto (1986, p. 23 e 24). As respostas desta meditação não podem ser racionalizadas, mas captadas através da meditação. É o estar presente no aqui e agora. O princípio que Masunaga enfatiza é o de escutar a reação do corpo da pessoa enquanto se pressiona os devidos pontos, conforme afirma Jahara-Pradipto (1986, p.24) “é importante estabelecer um ‘eco’ de vida. Sentir a ‘resposta’ dada pelo corpo do paciente quando pressionamos determinada área ou ponto”. Segundo Masunaga & Ohashi (1977, p.19), “diagnosticar por meio do tato é como sentir afeição maternal pelo paciente, a fim de sentir-lhe a dor. Isso significa que não estamos tratando do problema do paciente, mas sim partilhando de sua dor”. Essa é a diferença do Zen Shiatsu para os outros tipos de Shiatsu que, não observando essas importantes sensações, se tornam uma técnica mecânica sem auxiliar a força vital de cura que o próprio indivíduo possui.
O Zen Shiatsu, com a prática correta, permite e intensifica o fluir de energia no praticante como no paciente e entre eles, criando um nível alterado de consciência que possibilita atuar no nível espiritual e emocional. Ao tocar uma área ou um ponto onde a energia está bloqueada, ajuda-se a desbloquear esta energia, a dissolvê-la juntamente com a chamada de atenção do paciente para esta área.  Ao promover o restabelecimento do fluxo energético, proporciona-se ao paciente uma sensação de equilíbrio interno, bem-estar, de integração consigo mesmo, relaxamento e vigor. (MASUNAGA & OHASHI, 1977; JAHARA-PRADIPTO, 1986).
Este tratamento pele a pele, através do toque, é importante para concretizar um relacionamento profundo que pode afetar todo o tratamento. A parte mais externa da pele, a epiderme, abriga o sistema tátil, onde há terminações nervosas livres que estão vinculadas ao tato e receptores sensoriais que captam estímulos de calor, frio, toque, pressão e dor. (MONTAGU, 1988). Por essa função importante, o modo como se toca a pele, a intensidade, o intuito, tudo é captado por este sistema e é acessado e transformado em reações pelo cérebro. Conforme Berry (2003, p.48):

a intensidade e o tipo de estímulo que a pele recebe têm impacto não apenas sobre as informações que o cérebro armazena, mas também sobre o grau de eficiência com que ele é capaz de processar e armazenar esses dados.

O Zen Shiatsu é eficaz porque trata o corpo com um todo, permitindo que a pessoa que recebe a massagem conscientize de suas irregularidades corporais e, também, sociais, promovendo a sua melhora. (MASUNAGA & OHASHI, 1977; JAHARA-PRADIPTO, 1986; LIECHTI, 1994). Grande parte da tensão no corpo é gerada pelos relacionamentos humanos e pela influência externa, como a alimentação, o trabalho, a vida de forma geral. Toda essa tensão é absorvida na pele, causando afecções cutâneas que afetam o funcionamento dos órgãos internos. (JAHARA-PRADIPTO, 1986).
No Oriente, além de fatores externos (frio, calor, umidade, secura, vento) e fatores etiopatogênicos (hereditariedade, intoxicação, alimentação, fadiga, estresse, traumatismos), os orientais acreditam que os fatores patogênicos internos também são desencadeados por um desequilíbrio ou descontrole energético de órgãos e vísceras, influenciados pelas emoções exarcebadas. As emoções aparecem, dependendo das circunstâncias da vida, sendo reações naturais do homem a seu meio. (BASTOS, 2000). De acordo com Chopra (2001, p. 10):

você não experimenta uma única emoção sem compartilhá-la com as células do coração, dos pulmões, rins, estômago e intestinos. Esses órgãos participam de sua vida mental tanto quanto o cérebro [...] Na verdade não temos um corpo e uma mente, mas um “corpomente” [...].

Sendo “corpomente”, os indivíduos são auto-reguladores e a terapia corporal proporciona esta tomada de consciência de si mesmo através da própria experiência. Auxilia o indivíduo a aprender a se relacionar com ele mesmo, conhecendo conscientemente os seus mecanismos psicológicos que levam a sua desarmonia. (IWANOWICZ apud BRUHNS et al., 1989).  Masunaga & Ohashi (1977, p. 16) afirma que “o shiatsu pode promover o meio de aumentar e estabelecer melhores relacionamentos humanos, essenciais para a boa saúde. Quando estamos com saúde, nosso corpo reage ao ambiente externo de modo natural e positivo”.  Fensterseifer (2006, p.99) afirma que “para entender o humano, precisamos desenvolver a sensibilidade de ler o mundo nos corpos e os corpos no mundo. Sem essa sensibilidade, limitamo-nos a falar e tratar de corpos abstratos [...]”.


[1] Kyo – é a condição de energia esgotada.
  Jitsu – é a condição do excesso energético.
  Sedação é a técnica utilizada para normalizar os pontos jitsu, e a tonificação para as áreas kyo. (fonte: Masunaga & Ohashi (1977).

Mais informações: Artigo da aluna de Cinesiologia Aplicada: Gisela de Souza Fonseca, 2009-1.

ABORDAGEM CINESIOLÓGICA E SIMBÓLICA DOS PÉS

          O pé humano é composto por 26 ossos e esses são mantidos unidos através dos ligamentos (107 unidades) que formam as articulações em um total de 33. Os movimentos do pé são realizados por músculos, classificados em extrínsecos e intrínsecos. Os músculos extrínsecos originam-se abaixo do joelho e possuem inserção no pé, realizando os movimentos do tornozelo como dorsiflexão , plantiflexão , inversão e eversão , além de atuarem na movimentação dos artelhos (dedos). Os músculos intrínsecos são representados pelos que se originam abaixo da articulação do tornozelo, podendo situar-se no dorso ou na planta do pé, e são responsáveis pela movimentação dos artelhos.
          Abordando o caminhar, Viel (2001, p. 49) explica que:
A colocação do pé no solo, elemento essencial do equilíbrio na fase de apoio, é resultante, ao mesmo tempo, de uma antecipação ou construção de um modelo interno da marcha e de uma marcação visual do solo diante do indivíduo.

         Em condições normais, sem qualquer perigo aparente, informações visuais, até mesmo não contínuas, são suficientes e, com o controle mesmo que grosseiro do equilíbrio pela colocação do apoio único (ao andar, bípedes sempre apóiam o peso do corpo em um único pé), a musculatura ao redor do tornozelo fica responsável pelo controle fino.
          Para que o pé cumpra de maneira eficaz sua função, ele deve ser flexível. Viel (2001, p. 50) afirma que “o recebimento do peso do corpo determina, nas pequenas articulações, movimentos complexos de deslizamentos e de rotação nos três planos do espaço”. O início da doença é percebido com a rigidez.
          De acordo com o autor acima, com o auxílio dos tendões, aponeuroses e músculos, nossos pés sabem restringir parte do esmagamento ao qual é submetida na marcha . De estrutura deformável, o pé é envolto pelos tendões extensíveis que se deixam estirar e absorvem, em parte, a força, enquanto que, junto com as aponeuroses, armazenam uma parte da energia produzida pelo esmagamento a fim de restituí-la no fim da fase de apoio, reduzindo o trabalho dos músculos. Esses últimos apresentam uma viscoelasticidade que lhes permite frear o movimento atenuando a onda de choque. Também aqui são de grande importância as condições das articulações, uma vez que, para que a função dos músculos tenha melhor desempenho, elas devem estar livres para deslizar normalmente uma sobre as outras.
          Durante o passo, algumas modificações são realizadas no arco plantar do pé. Viel (2001, p. 58) descreve que:

Uma mola de lâmina submetida à pressão achata-se: a arco do pé sofre uma deformação parecida. A aplicação de pressão verticais é traduzida por um achatamento do arco e por um alongamento do pé ao receber o peso do corpo. Tendo armazenado energia elástica, o pé pode, a seguir, restituí-la.
          O pé pode ser separado em três conjuntos, esses, no ponto de vista biomecânico, tem um papel diferenciado: amortecimento, equilíbrio e propulsão e pivoteamento. “O amortecimento das pressões é realizado no calcanhar, entre 0% e 15% do ciclo, retomando, posteriormente, a aproximadamente 45%, quando o calcanhar se eleva.” (VIEL, 2001, p. 62). Desta forma, a pressão está dispersa por toda a superfície do pé. O pé cai em direção a sua borda lateral, o que favorece essa dispersão, e após equilibra-se sobre um único pé, a pessoa acelera para abordar o ciclo seguinte. Quanto ao equilíbrio e propulsão, na maior parte do tempo, sob a sola plantar, a trajetória do centro de pressão ocorre no centro do pé. Todavia, há um número de indivíduos que se favorece com um apoio mais medial, enquanto que, há quem também utilize preferencialmente um trajeto lateral. Para mudar de direção, aquele que caminha, deve diminuir a superfície de contato com o solo, ou seja, erguer os dedos do pé e elevar o calcanhar.
          O autor ainda sintetiza ratificando:

O peso do corpo passa ao longo da borda lateral do pé, dirige-se em direção do quinto e quarto metatarsianos, de modo a atravessar todo o antepé com uma compressão quase igual de todo o centro do antepé. O último contato é feito pela polpa do primeiro dedo (hálux). (VIEL, 2001, p. 63)

          Quanto às patologias, elas podem ser manifestadas em duas situações. “São elas o padrão de contato do pé durante a fase de apoio e o mau alinhamento do pé no balanço.” (PERRY, 2005, p. 29). Podem ser causadas por um reflexo do joelho e do tornozelo ou simplesmente uma patologia própria do pé.“Conforme o corpo progride sobre o pé de apoio, a seqüência normal de contato no solo pelo calcanhar, pé plano e antepé pode ser alterada”. (PERRY, 2005, p. 29). Como conseqüência de um antepé doloroso ou desequilíbrio acentuado nos músculos dorsiflexores e flexores plantares do tornozelo, ocorre um Contato Único Prolongado do Calcanhar. Aqui, acontecerá uma dorsiflexão excessiva do pé. Outra alteração em relação ao calcanhar é o Desprendimento Prematuro, ou seja, perda de contato anormal no contato inicial ou durante todo o apoio, fazendo com que haja um contato permanente no antepé. É um desvio de fácil identificação, causado por uma flexão plantar excessiva do tornozelo ou flexão excessiva do joelho. Em contra partida, há quem não realize uma elevação do calcanhar, possuindo assim, um Contato Prolongado do Calcanhar. “É o desvio mais importante, visto que este é um intervalo de apoio simples do membro”. (PERRY, 2005, p. 31). Esses desvios são observados no plano sagital , uma vez que os movimentos sempre ocorrem paralelamente ao seu plano.
          Em plano coronal , os desvios são a Inversão e Eversão – que podem ser causados por uma deformidade estática ou por uma ação muscular incorreta. É confirmado que esses desvios estão também relacionados ao tornozelo quando Perry (2005, p. 39) descreve que:

Devido a todos os músculos que controlam o tornozelo cruzarem a subtalar no momento em que se inserem no pé, as anormalidades de inversão e eversão normalmente ocorrem em combinação com disfunção do tornozelo.

          Na Inversão Excessiva (Varo), as inserções dos músculos que podem causar inversão variam, logo, as posturas do antepé e médio pé podem ser alteradas. Perry (2005, p. 36) diz que “O varo do calcanhar é indicado pela inclinação medial do calcâneo sob o tálus. O varo do antepé durante o apoio é caracterizado pela elevação da cabeça do primeiro metatarso em relação à superfície”. A Eversão Excessiva (Valgo) ocorre quando o apoio do antepé é realizado pela área medial. Aqui, ocorre um contato na superfície pelo primeiro metatarso, e não do quinto. Pode também ser chamado assim quando o primeiro metatarso toca o solo antes do quinto.
          Miranda (2000, p. 67) afirma que “as manifestações observadas nos pés deveriam ser tratadas não somente como problemas, fonte de desconforto, mas também como sintomas, capazes de falar de outras realidades da pessoa." Os mais diversos sintomas físicos e psíquicos são expressos nos pés dos indivíduos.
Os pés assentam no chão, são os responsáveis por permitir a marcha, a postura vertical e são um dos mais importantes lugares simbólicos do corpo humano. Objetos de tantos mitos, são o lugar de contato entre o homem e a terra, são o ponto de partida da elevação e ascensão do homem. “Os pés representam a força da alma, o suporte da postura ereta, a base de nossa estatura, o domínio do TER.” (MIRANDA, 2000, p. 61). “De uma maneira mais terra-a-terra, o pé simboliza também um certo sentido de realidade: ter os pés sobre a terra." (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2008, p. 694).
         Leloup (1998, p.18) mostra-nos a importância da saúde dos pés e a sua relação com a terra, quando descreve que:

Nosso corpo é como uma escada. Em uma escada, as partes mais altas se apóiam sobre as partes mais baixas. E se a base não é sólida, o que está no alto pode não se manter, não pode se sustentar. Podemos imaginar nosso corpo semelhante a uma árvore. Se a seiva está viva em nós, ela desce às nossas raízes e sobe até os mais altos galhos. É no nosso enraizamento na matéria que depende nossa subida para a luz.

          Neste contexto insere-se o chakra Básico ou raiz. Este chakra anima a substância do corpo físico, é a vontade, o poder e o instinto de sobrevivência, é a base da montanha, a ligação com a terra. “O ‘sim’ para a vida na Terra, para a existência física e a disposição de atuar em harmonia com a força da Terra, e dela aprender, são as dádivas de um primeiro chakra aberto." (SHARAMON; BAGINSKI, 1997, p. 74). O chakra raiz é associado ao elemento terra, confere ao homem a firmeza terrena e a estabilidade debaixo dos pés, sobre o qual pode-se construir a vida. É a partir dele que se consegue força de vontade e estabilidade. Em semelhança ao chakra, os pés nos levam as nossas raízes, à identificação e à identidade. “Os pés escutam a terra e nos enraízam na matéria.” (LELOUP, 1998, p. 32).
          Este mesmo chakra está relacionado à estruturação de uma existência e a conservação da própria espécie através da constituição de uma família, assim como a sexualidade, como função física e meio de reprodução. Para alguns psicanalistas, como Freud e Jung , o pé é dado como uma significação fálica e o calçado seria um símbolo feminino.
          Sharamon e Baginski (1997, p. 75) ratificam a ligação do chakra raiz para com a Terra ao descrever que:

Quando o seu chakra da raiz está aberto e funciona de modo harmonioso, você sente uma ligação profunda e pessoal com a Terra e suas criaturas, uma força vital límpida, uma fixação em sim mesmo e na vida, satisfação, estabilidade e força interior. Você sente-se acomodado na circulação natural da vida, na mudança entre sossego e atividade, entre morte e novo nascimento. [...] Torna-se fácil realizar suas metas neste mundo. Sua vida é levada por uma confiança primária inabalável. Experimenta a Terra como um lugar seguro, no qual recebe tudo que necessita: afeto, alimento, proteção e segurança. Assim você se abre confiantemente à vida, nesta Terra, e aceita tudo que ela coloca à sua disposição.

          Outros simbolismos são encontrados também aos pés. Por exemplo, nas diferentes práticas de ioga temos a purificação dos pés na água salgada. “Creio que esta é uma bela prática, porque, pelos pés, podem escorrer nossas fadigas e tensões." (LELOUP, 1998, p. 31). É encontrado também em muitas tradições espirituais o costume de o mestre lavar os pés de seus discípulos, como forma simbólica de devolver a capacidade de prazer, sendo também um gesto de humildade, de cura e amor. Para os chineses, os pés enfaixados representam a mais elevada sutileza sensual. Os pés enfaixados alteravam o caminhar das mulheres e muitos poemas foram escritos sobre este tema.
          O mensageiro Hermes, em sua mitologia, tinha seus pés alados. Nesta simbologia os pés são referidos como um caminho de transformação e de individuação. Não só, há também uma ligação dos pés para com a cabeça e os cabelos. “Se os pés designam o começo, também indicam o fim, a meta, o destino. Numa caminhada, o movimento começa sempre por um pé e acaba sempre por um pé. Começo do corpo, ele se opõe a seu fim, a cabeça." (MIRANDA, 2000, p. 65). Assim, se os pés são esquecidos ou maltratados, a cabeça também funcionará mal. Do mesmo modo, os cabelos são dados como antenas que às vezes permitem a captação de mensagens, e quando a os cabelos e pés estão juntos, simbolizam um momento de conjunção, a união de opostos e integração do céu com a terra.
          Leloup (1998) refere aos pés a forma de uma semente. “Temos em nosso corpo três estruturas em forma de semente: os pés, os rins e as orelhas." (LELOUP, 1998, p. 32). E entre elas existe uma conexão. Enquanto os pés escutam a terra e nos permitem o enraizamento a matéria, os rins escutam nossas mensagens interiores e cabe as orelhas aprender a escutar os dizeres e as informações.
          Por último, segundo Paul Diel, o pé seria também um símbolo de força da alma, já que ele é o suporte da posição vertical, característica do homem. “Quer se trate do pé vulnerável (Aquiles), ou do manco (Hefestos), toda a deformação do pé revela uma fraqueza da alma.” (CHEVALIER e GUEERBRANT, 2008, p. 696).

Mais informações: Artigo de Cinesiologia da aluna Kelly Fischer, 2009-1.

HISTÓRICO EMOCIONAL QUE O CORPO REVELA


A Cinesiologia é o estudo dos movimentos do corpo. O movimento está presente em toda a vida e em tudo o que é vivo. Desde o momento da concepção, o feto se movimenta e adquire formas que mudam continuamente até o nascimento. As transformações do corpo continuam a mudar gradativamente com o decorrer da vida, assumindo formas e posturas. O corpo é moldado principalmente diante das reações emocionais, pois o impulso de desejo reprimido constantemente é armazenado no corpo.
Keleman (1996) acredita que a anatomia é apenas o destino e, sob a ótica do “principio formativo”, o corpo está em constante movimento de transformação de acordo com as reações emocionais experienciadas. A postura corporal adotada pelo individuo é o resultado da interação recíproca de múltiplos fatores e está intimamente ligada a aspectos psicoemocionais.
A disposição corporal no conjunto é a própria expressão do mundo exterior (DALLA PRIA, 2007; DELIBERATO, 2007; Gagey & weber, 2000; LOWEN, 1979).
A postura é todo o somatório de vida desenvolvido por hábitos posturais nos aspectos biopsicossociais. A estrutura anatômica e a postura corporal assumida representam todos os posicionamentos que o corpo adquire diante das diversas situações vivenciadas. O sentimento e a capacidade de resposta é que molda a vida, adquirindo uma arquitetura somática (KELEMAN, 1992).
A história da vida é gravada no corpo, por meio das experiências perceptivas e das reações emocionais. As percepções se materializam no corpo formando a identidade da imagem corporal.
Essas informações mostram a inter-relação e interdependência física, emocional e social na construção da arquitetura corporal de cada individuo. As filosofias orientais, chinesa e hindu, há muito tempo estudam o ser humano de forma integrada e holística. Da mesma forma a psicossamática engloba e aborda o individuo de forma indivisível com uma visão não separatista corpo-mente.
A forma natural do corpo em posição ortostática[1] é o alinhamento com relação a força da gravidade[2], sempre buscando o equilíbrio para se manter em pé. Se alguma parte estiver fora do centro, obrigatoriamente o corpo é forçado a buscar um realinhamento para manter-se na verticalidade. Dessa maneira, o corpo se realinha de forma compensatória, como por exemplo, o desalinhamento de um segmento do corpo, ântero-posterior ou lateral, é acompanhado por um desalinhamento compensatório de outro segmento ou segmentos; o corpo funciona de forma uma lógica. Quando o desalinhamento não é balanceado proporcionalmente, outros grupos musculares passam a sofrer tensão exagerada (DALLA PRIA, 2007; KURTY & PRESTERA, 1989).
Ao se observar o corpo, é importante ver essa relação de alinhamento. O eixo ideal para se obter equilíbrio é onde passa uma linha imaginária vertical que liga pontos do topo da cabeça, meio da orelha, do ombro, do quadril, do centro do joelho e do tornozelo. Essa linha também passa através da junção da parte inferior da espinha e do grande osso triangular apoiada na sua base. Quando esses pontos estão alinhados, cada segmento sustenta aqueles que estão acima. A gravidade mantém o corpo assentado e com um mínimo de dispêndio de energia para assegurar a posição ereta (KURTY& PRESTERA, 1989).
Kurty e Prestera (1984) afirmam que quando se está em desequilíbrio, cada movimento se torna pesado devido à ação da gravidade. Emocionalmente o corpo não deixa de ser também influenciado por essa relação, expressados em sensações de sobrecarga, com os corpos curvados para frente em direção ao solo ou inclinando-se para trás, na tentativa de resistir à gravidade.
Lowen (1982) diz que o corpo não mente. Mesmo que o individuo queira omitir os seus sentimentos e atitudes, o corpo delatará a impostura pelo estado de tensão que é criado. O corpo é um informante fiel do histórico emocional de cada pessoa, revela traumas passados e a personalidade atual. É a unificação das experiências vividas e do modo como o ser interior se mostra. Essas mensagens não-verbais transmitidas podem ser apreendidas através da leitura corporal.
Sendo assim, o Naturólogo[3] pode integrar em sua prática um domínio vital para a avaliação naturológica: o olhar para o outro. Um olhar atento, consciente e investigador. Observar, analisar e interpretar as informações do corpo, considerando o formato anatômico, a postura, o alinhamento e posicionamento corporal e tensão muscular a fim de compreender o que pode pronunciar a disposição de cada parte do corpo.
O Naturólogo pode utilizar-se da leitura subjetiva do corpo como uma ferramenta adicional, tendo em mente que as partes não são isoladas, devendo ser analisadas no contexto geral que o organismo se apresenta. Abordando o corpo humano de forma ampla e integrada. A atenção à linguagem corporal possibilita ao Naturólogo apreender o estado emocional, decodificando as informações de todos os dados que ao corpo se referem, entender “como é o corpo enquanto fenômeno de consciência, enquanto personalidade e enquanto agente social” (Gaiarsa, 1984, p.9), ou seja, o universo do ser. Cada acontecimento vivido desde a primeira infância até a fase adulta é marcado profundamente na anatomia corporal.
O artigo tem como objetivo descrever as possibilidades de leitura do histórico emocional de cada indivíduo, visualizando os padrões corporais, através das observações e descobertas de pioneiros do estudo sobre o corpo e psique, como Wilhelm Reich, José Ângelo Gaiarsa, Stanley Keleman, Alexander Lowen, Ken Dychtwald, Ron Kurtz e Hector Prestera.
Neste artigo, apenas por fins didáticos, o mapa geográfico do corpo será apresentado e dividido em suas partes no sentido da verticalidade, de baixo para cima, dos pés a cabeça, descrevendo cada parte do território corporal e seus relacionamentos em um nível mais especifico, comportando explicações sobre os vínculos existentes entre as partes do corpo e o ser interior.


[1] Em pé (Dalla Pria, 2007)
[2] Força que atrai o organismo continuamente para o centro da Terra (KURTZ & PRESTERA 1989, p.45)
[3] O Naturólogo estuda o individuo, num contexto integral do ser, considerando os seus aspectos biológico, psíquico, social e energético, buscando resgatar a Saúde Integral, baseada nos conhecimentos das Medicinas Xamânica, Chinesa e Ayurveda (Hellmann; Wedekin; Dellagiustina, 2008).

Mais informações: Artigo de Cinesiologia Aplicada de Adriana Yukie Inoue, 2009-1.

A ALTERAÇÃO DOS OMBROS E PESCOÇO FRENTE À UTILIZAÇÃO DE BOLSAS UNILATERAIS COM PESO EXCESSIVO

De acordo com Moreira & Russo (2005) o complexo do ombro é constituído por cintura escapular (clavícula e escápula) e articulação do ombro (escápula e úmero), seis articulações e aproximadamente vinte músculos. Esse complexo tem como finalidade dar base de apoio aos membros superiores posicionando-os no espaço. (HAMILL & KNUTZEN, 1999. MOREIRA & RUSSO, 2005. SILVA, 2002).
A cintura escapular é responsável por transmitir ao corpo quaisquer forças geradas sobre ela, e os membros superiores , tais forças percorrem as articulações que envolvem o complexo dos ombros. Estes não dependem um do outro, ou seja, uma força gerada do lado direito do ombro em membro superior não afetará ou afetará minimamente o lado oposto, no caso o esquerdo, isso se dá devido ao fato de que as escápulas não se comunicam entre si, o que permite uma independência de movimentos dos membros superiores e ombros direito e esquerdo. (HAMILL & KNUTZEN, 1999. RASCH, 1991).
Existem movimentos voluntários e involuntários, estes se misturam no controle da postura, e assim são de chamados movimentos posturais. (LENT, 2005). As respostas involuntárias, promovidas pelo corpo, a determinados estímulos são chamadas de reflexos, através deles são estimulados diversos fatores, como impulso de extensor , retração de flexor , postural, proprioceptivo , endireitador, de alongamentos e outros (FRITZ, 2002). Todavia deve-se ter conhecimento de que nem toda resposta involutária é um ato reflexo. (LENT, 2005).
O sistema nervoso (SN) tem a função de receber as informações do ambiente que o circunda, ordená-las e promover alguma reação conveniente. Terminações nervosas da pele enviam dados ao SN a partir de receptores, especialmente dos órgãos dos sentidos. Essas terminações nervosas são sensíveis à pressão, ao toque, dor, vibração etc... Receptores especiais, responsáveis pelo sentido de posição e movimentos, captam as reações do ambiente e são enviadas ao sistema nervoso central (SNC) através do sistema nervoso periférico (SNP). O SNC seleciona essas informações e envia de volta uma mensagem, novamente por meio do Sistema Nervoso Periférico. (FRITZ, 2002). Potenciais que são identificados pelos receptores, localizados nas células, percorrem longos caminhos até chegarem à musculatura axial e à proximal dos membros, e também aos músculos axiais do tronco e do pescoço. (LENT, 2005).
Receptores sensórios recebem informação sobre posição, grau de movimento, contração, tensão e alongamento de tecidos através da distorção e pressão sobre o receptor sensório. Depois que a informação sensorial proprioceptiva é processada no sistema nervoso central, impulsos motores carregam a mensagem de resposta de volta aos músculos. Então, os músculos se contraem ou relaxam para restaurar ou mudar a postura, o movimento ou a posição. (FRITZ, 2002, p. 110)
Segundo Lent (2005) o corpo faz, constantemente, movimentos, contrações e relaxamentos musculares, para manter o equilíbrio e poupar energia, sem que seja necessário pensar que movimento deve ser feito ou que músculo deve ser contraído, o corpo simplesmente se ajusta à situação dada. Brandão & Crema (1991) complementam ainda, que toda organização de movimentos é organização de forças opostas, para qualquer movimento há outro movimento compensatório de contrapeso com um movimento oposto.
Em uma postura deficiente as diversas partes do corpo não estão em arranjo, causando um aumento do esforço para manter o equilíbrio de toda a estrutura.
A má postura e os hábitos incorretos do dia-a-dia podem levar ao aparecimento dos vícios de postura. (ADAMS, 1985 apud LONGO, 2008. p. 5).
Esses dados dão a idéia do mecanismo que ocorre ao se “carregar” uma bolsa de um dos lados, apoiada no ombro, e leva ao entendimento de mais um dos acontecimentos provenientes das reações posturais, a reação de sustentação, cujo movimento tem relação direta com a posição angular da cabeça, que ao carregar determinado peso de um lado só, automaticamente se posiciona a cabeça, com movimento de flexão lateral de modo a manter o equilíbrio do corpo em seu eixo longitudinal . Os responsáveis por esta ação são os receptores que detectam a posição angular da cabeça. Neste evento os músculos são provocados a contraírem-se , o que pode gerar encurtamento dos músculos do pescoço. A regulação do tônus muscular é importante para o ajuste da postura, realizado a partir dos reflexos de estiramento , específicos do sistema nervoso, o resultado são movimentos rápidos e eficientes, denominados “reação postural”. (LENT, 2005).
De acordo com Lent (2005) a reação postural é automática, consideradas involuntárias, apesar de conscientes, estas são chamadas de reações antecipatórias.
Para Lent (2005) os eventos que estimulam a mudança de uma reação postural, apesar de serem de diferentes naturezas, podem mudar de forma angular a disposição da cabeça, em relação ao tronco e ao chão.
Para Weil & Tompakow (2002) o acúmulo de energia que gera contração muscular é natural e acontece a todo tempo seguida por uma descontração, porém quando isso não ocorre, o músculo permanece tenso, é chamada de tensão.
Weil & Tompakow (2002) afirmam que a tensão é, atualmente, muito comum de ocorrer nas pessoas, sem que se perceba, já que o instinto não faz mais parte da vida cotidiana do homem moderno, os impulsos não são imediatamente satisfeitos e “cada vez que um impulso não é imediatamente satisfeito, a energia a ele destinada se acumula no músculo que lhe impede a descarga, provocando uma tensão muscular”. (WEIL & TOMPAKOW, 2002).
De acordo com Ravaglia (2009) o objeto em questão é carregado por horas seguidas e esse excesso pode provocar tensão nos ombros gerando dores, inflamação nas costas e problemas na coluna.
“Muito se fala em qualidade de vida [...] Então um cuidado especial é necessário a alguns aspectos da vida da pessoa [...]”. (LONGO, 2008).
De acordo com Ravaglia (2009) a degeneração da coluna é resultado de vários fatores como hábitos de vida, atividade física, obesidade, sobrecarga na coluna, etc. Alguns problemas podem ser evitados com a mudança de hábitos. (RAVAGLIA, 2009).
A postura é, em grande parte, um hábito e, com a repetição de uma ação errada, pode resultar em uma função cinética viciada, e estes padrões repetidamente defeituosos podem tornar-se enraizados. (CAILLIET, 1979 apud FERRONATO; CANDOTTI & SILVEIRA, 2008, p. 26).
Longo (2008) diz que prevenir é necessário para evitar uma possível instalação de problemas na postura. Alguns cuidados podem ser adotados para possibilitar a permanência da boa postura e do funcionamento perfeito do corpo, impedindo que alguma doença se instale. Entende-se como boa postura:
“estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesões ou deformidades progressivas independente da atitude nas quais estas estruturas estão trabalhando ou repousando”. (PINTO, 2001 apud LONGO, 2008. p. 5)

De acordo com Ravaglia (2009) os cuidados a serem adotados são os seguintes:
1. Deixar a bolsa mais leve. Deixar nela somente o necessário.
2. Livros, papéis e cadernos optar por transportar em pastas.
3. A nécessaire pode ser dispensada, a maquiagem pode ser levada separadamente.
4. Os absorventes e a escova de cabelo podem ser colocados numa valise, que pode ser deixada no local de trabalho ou no carro.
5. Levar uma sacola separada com o lanche.
6. Organizar regularmente a bolsa para retirar coisas desnecessárias
7. Levar na bolsa somente o que será utilizado naquele dia.
8. Mudar a bolsa de ombro com freqüência. Alternar segurando-a pela mão durante um certo tempo.
9. Praticar exercícios físicos, no mínimo três vezes por semana, não esquecendo de alongar antes e depois da atividade. É importante fortalecer a musculatura da coluna e dos ombros.
10. Alerta para o sobrepeso, pode ser um agravante.

Ravaglia (2009) salienta a importância da prática de exercícios físicos para indivíduos que possuem esse hábito.Há algumas práticas que tratam especificamente da região mencionada e algumas observação e cuidados a serem tomados.
Deve-se ter cuidado com as atividades realizadas na região de ombros, pois “a atividade muscular no complexo de ombro gera altas forças na articulação do ombro propriamente dita”. (HAMILL & KNUTZEN, 1999).
Segundo Hamill & Knutzen (1999) é fácil alongar e fortalecer a musculatura dos ombros através de alongamentos passivos e ativos e os músculos desta região trabalham, geralmente, em conjunto, o que torna difícil isolar especificamente apenas um músculo em um determinado exercício. Contudo há exercícios que trazem maiores benefícios a um ou outro músculo específico.
Exercícios com movimentos ativo resistido é bom para fortalecer o músculo, pode ser exercício com resistência manual, por exemplo, onde é necessário que outra pessoa exerça uma força contraria ao movimento que será realizado em toda sua amplitude. Outro movimento que é muito bom para fortalecer, especificamente os músculos trapézio e elevador da escápula, entre outros músculos é a atividade de remar. (HAMILL & KNUTZEN, 1999).
Hamill & Knutzen (1999) ressaltam ainda que embora os exercícios de resistência sejam muito indicados para fortalecer os músculos, alguns destes devem ser evitados por indivíduos com lesões em ombro, pois podem causar irritação nas articulações da região. A remada também pode gerar alguns riscos para saúde articular, que podem ser minimizados através do cuidado de não realizar rotação externa ou até de se manter uma leve rotação interna durante a prática. (HAMILL & KNUTZEN, 1999).
É importante manter a força e flexibilidade da musculatura do ombro já que este depende consideravelmente do suporte da musculatura que cerca o complexo do ombro já que este depende consideravelmente do suporte da musculatura que cerca o complexo do ombro já que este depende consideravelmente do suporte da musculatura e tecidos moles para sua estabilização. (HAMILL & KNUTZEN, 1999. p. 5).
Ravaglia (2009) alega que esse tipo de bolsa não deve ser utilizada para carregamento de peso, o tipo de bolsa mais adequado para este fim é a mochila, que com uma alça em cada ombro, distribui melhor o peso, além de haver colaboração das costas para apoio da carga, auxiliando a distribuir o peso não ocasionando, assim, sobrecargas. Acrescenta ainda que as costas é a parte do corpo mais apropriada para o carregamento de peso.
“De acordo com um estudo patrocinado pela Força Aérea Norte-Americana [...]” a carga mais econômica para mulheres, parece ser cerca de 35% do peso corporal, porém chegou-se a essa proporção levando em consideração o peso sendo carregado de forma distribuída. (RASCH, 1991, p. 190). 

Mais informações: Artigo das alunas Ana Cláudia da Silveira Pinheiro e Bruna Muller, 2009-2.

A MÚSICA E A CINESIOLOGIA APLICADA

A cinesiologia e a música possuem intimamente uma ligação muito forte. Desde os tempos antigos já mencionavam essa relação, mesmo sem o propósito. Von Baranow (1999) informa que a utilização da música com todos os seus elementos são considerados terapêuticos desde a antiguidade para enfrentar as enfermidades, melhorias de comportamento e, inclusive, como meio de comunicação, por exemplo, os índios com seus rituais.
Em outro contexto, Rasch (1991) menciona sobre um jesuíta italiano chamado Francesco Maria Grimaldi, que foi o primeiro a relatar ter ouvindo sons produzidos por músculos em contração. Embora seu livro, Physicomatheis de lumin, tenha sido publicado em 1663, dois anos após sua morte, não se dispunha de técnicas para estudar esses sons até 300 anos mais tarde. Nos últimos anos, a invenção do estetoscópio eletrônico e análises computadorizadas tornaram as pesquisas exeqüíveis nesse campo. Oster mostrou que a amplitude do som muscular é diretamente proporcional ao peso usado para manter uma contração constante. Tais sons parecem originar-se da vibração de fibras musculares isoladas, particularmente as fibras de contração rápida. No futuro, talvez seja possível usar esses sons para determinar quais músculos são ativos num dado momento e o quão intensamente cada um está trabalhando. Fregtman (1999) traz como exemplo os hindus (pessoas que habitam a Índia), onde ao cantar, movem o tronco do corpo, o dedão do pé e o polegar, sendo natural o ato instintivo de acompanhamento com impulsos motores; o desenvolvimento de uma melodia, por sua vez, é tão antigo como o próprio canto.
Roederer (1998) comenta que o tímpano, que capta as oscilações de pressão da onda sonora, atinge o ouvido e as converte em vibrações mecânicas que são transmitidas por meio da ligação de três pequenos ossos para o ouvido interno, ou cóclea, no qual as vibrações são classificadas de acordo com gamas de freqüência, captadas por células receptoras, e convertidas em impulsos nervosos elétricos e o sistema nervoso auditivo, que transmite os sinais neurais ao cérebro, onde a informação é processada, apresentada como uma imagem de detalhes auditivos em certa área do córtex (a superfície do cérebro e o tecido subjacente), identificada, armazenada na memória e eventualmente transferida para outros centros do cérebro. Esses últimos estágios levam à percepção consciente dos sons musicais.
Para dar continuidade, McClellan (1994) conclui que a audição, portanto, é tanto uma questão da mente quanto do cérebro. Quando um som penetra a nossa consciência e decidimos dar-lhe alguma atenção, começa um processo psicológico de audição muito personalizado. Nosso primeiro passo é submetê-lo a uma verificação de memória baseada na nossa avaliação de suas características. Determinamos se esse som (ou música) já foi encontrado antes e, em caso afirmativo, em que circunstâncias e qual a reação nessa ocasião.
De acordo com Von Baranow (1999), a proveniência de um som se constitui basicamente por movimentos que geram vibrações e, consequentemente, geram ondas sonoras que se espalham nos meios sólido, líquido ou gasoso. Os sons em si contêm quatro qualidades: altura, duração, intensidade e timbre e a música possui três elementos essenciais: harmonia, melodia e ritmo. Através dos sons, é possível ter uma amplitude aos movimentos que facilitam a expressão emocional e corporal dos indivíduos dentro de um contexto terapêutico.
O fato é que esses sons podem ser emitidos através de música e não se trata apenas de ouvir algum tipo de música que agrada aos ouvidos e percepções, mas se trata de um objetivo terapêutico no sentido de auxiliar a pessoa em busca da sua individualidade pelo seu processo interior trazendo o movimento mais solto para si.
Von Baranow (1999) adiciona ainda que o som é uma vibração mecânica advinda de um movimento, ou seja, uma ação sonora implica num movimento, desde o das cordas vocais, do aparelho fonador, até do corpo como um todo, recebendo e enviando vibrações. O trabalho corporal é intrínseco ao sonoro-musical, adquirindo uma importância fundamental e sendo um elemento indispensável a ser observado e trabalhado durante um tratamento envolvendo a música e o movimento. O movimento está inserido no ato de tocar um instrumento e a expressão sonora é antes, uma expressão corporal, portanto, faz-se necessário estudar a cinesiologia do movimento corporal juntamente com a emissão de ruídos ou sons de acompanhamento.
Os movimentos corporais respondem por processos cognitivos através de estímulos externos que, neste artigo, de acordo com Gattiker (2005), possui uma conexão direta com o cérebro, que recebe os estímulos com a ajuda de impulsos elétricos. Estes desencadeiam os movimentos e todas as atividades e funções do corpo. Hill (1993) comenta que no ano de 1965, o doutor George Goodheart, um conceituado quiromassagista norte-americano, descobriu que as experiências utilizadas na cinesiologia para determinar a força e o tônus dos músculos em todos os movimentos das articulações também podiam demonstrar o equilíbrio da energia de cada um dos sistemas do corpo (estômago, pulmões, intestinos, etc.) e, sendo assim, associando-se com a música e os sons pode-se concluir que auxiliará na verificação desse equilíbrio energético. Fregtman (1993) comenta que os estímulos sonoros prazerosos provocam uma emoção do protoplasma, do centro para a periferia. Ao inverso, os sons desagradáveis ou desprazerosos provocam uma remoção, da periferia para o centro do organismo. Estas duas correntes direcionais básicas da biofísica correspondem aos dois afetos básicos do nosso aparelho psíquico, prazer e angústia. O movimento físico e sua correspondente sensação são funcionalmente vistos através das reações do indivíduo.
De acordo com Rasch (1991), embora as variedades e qualidades do movimento humano sejam infinitas, ao nível da ação terminal o mecanismo efetor é básico. A estrutura operacional é a unidade motora que é um grupo de fibras musculares esqueléticas inervadas por um neurônio motor originário da medula espinhal. Essa unidade motora ou atua por contração de suas fibras musculares, ou não atua. Não há outras possibilidades. Toda a versatilidade do movimento humano depende da ativação seletiva de unidades motoras individuais em inúmeras combinações.
Rasch (1991) complementa ainda que, em muitos aspectos, acontece de estar lidando diretamente com células ou sistemas complexos como o animal ou homem em movimento, um importante objetivo da biomecânica é a melhora do desempenho. Esta melhora, seja a de um atleta de elite ou de um indivíduo recuperando-se de uma lesão traumática, pode ser alcançada pelo menos de três maneiras: melhorando o indivíduo (por exemplo, aumentando a função e interação musculares); aprimorando equipamentos utilizados na execução (como modificando a roupa protetora para esportes de contato, projeto aerodinâmico de trenós e projeto de uma cadeira de rodas); ou melhorando a execução da tarefa, talvez para atender melhor às limitações fisiológicas ou estruturais do indivíduo.
Pelo raciocínio de Von Baranow (1999), devemos prestar atenção a imagem corporal do indivíduo, seus movimentos e gestos, o lugar que seu corpo ocupa no espaço, sua coordenação motora, o equilíbrio e a lateralidade, dos movimentos amplos até a motricidade fina, sua expressão facial, aspectos que dizem respeito à psicomotricidade, juntamente com os conteúdos emocionais manifestados. Devem também estar atentos a como esses movimentos corporais devem ser trabalhados num processo terapêutico, em conjunto com os sons e as músicas, sempre dependendo do enfoque direcionado à queixa ou à patologia apresentada e aos objetivos traçados. Essas expressões corporais são normalmente simultâneas à produção sonora.
Além dos processos vinculados a música e ao som para auxiliar na cinesiologia, Fregtman (1999) fala que vinculadas aos poderes da música, surgem duas necessidades: o movimento (o movimento corporal e rítmico) e a emissão de ruídos ou sons de acompanhamento.
Como esse artigo não se baseia apenas no estudo físico do indivíduo, mas sim em um todo, se referindo a estudos emocionais, mentais e energéticos também, verificou-se um comentário de Fregtman (1999), onde diz que cada som ou vibração energética possui uma altura ou freqüência determinada e, portanto, ressoa numa determinada zona do nosso corpo, podendo chegar a dissolver bloqueios corporais e facilitar o fluxo de energia. Sendo assim, através dos movimentos da cinesiologia (balanceamento muscular como exemplo), pode se relacionar e iniciar um diagnóstico ou tratamento.
Dentro desse contexto, McClellan (1994), menciona que toda a energia, todas as forças do universo, são movimentos que emanam de um ponto (seu próprio centro) e se irradiam em ondas circulares para todas as direções, manifestando-se como vibrações ou oscilações. As manifestações cessam apenas quando as forças que perderam o equilíbrio recuperam seu estado primordial, a unidade divina. Logo, quando falamos do estado primordial, queremos dizer o estado em que todos os fenômenos materiais deixaram de existir. Em sua verdadeira essência, a matéria também está em movimento e, se esse movimento chega a deter-se, a matéria deve necessariamente deixar de existir. Comenta também que a música resulta de nossos processos biológico, afetivo, cognitivo e espiritual, e é uma atividade inerente ao homem. Por isso mesmo, reagimos a ela em todos os quatro níveis. A reação biológica implica processos corporais tais como ritmo e profundidade da respiração, ritmo cardíaco e coisas do gênero. A resposta afetiva envolve a emoção. A reação cognitiva diz respeito à satisfação e à estimulação estéticas. Uma reação espiritual é transpessoal, no sentido de experimentarmos algo de transcendental. Sentimos uma plenitude maior que a consciência individual e uma unidade de forças universais e experiência humana. Uma reação musical completa é o que ocorre nos quatro níveis. O grau em que a música manifesta processos biológicos, afetivos, cognitivos e espirituais depende do condicionamento cultural, valores sociais e inclinações pessoais. A capacidade de reagir à música nos quatro níveis é uma questão de escolha pessoal.
McClellan (1994) diz que o corpo humano é formado por um grande número de sistemas vibratórios de várias frequências e densidades interligadas e interdependentes de um ambiente de fluidos contido por uma cobertura exterior perfurada altamente elástica. Conhecido como corpo físico denso, é uma somatória de todos os organismos de que é feito e um veículo para a evolução espiritual no mundo físico. A substância do corpo é uma virtual sinfonia de frequências, sons e ritmos biológicos, mentais e emocionais em um estado de fluxo contínuo que procura realizar e manter o estado de equilíbrio perfeito.
No corpo físico denso estão o esqueleto, os sistemas muscular, circulatório, respiratório, digestivo, endócrino, nervoso, excretivo e reprodutivo e diversos fluidos. Todas essas estruturas e esses fluidos são formados por átomos. Estes formam moléculas que, por sua vezes, formam as várias células dos músculos, ossos, órgãos, glândulas, nervos, sangue e outros fluidos. Um filme muito ampliado de uma célula mostra um movimento constante que se desdobra em si mesmo, embora a forma externa seja mantida. Tal como o dr. Guy Manners menciona que onde há movimento deve haver fricção e, onde há fricção, deve haver som. Por diminuto que seja, o som tem de estar presente. De modo que há som naquela pequena célula.
McClellan (1994) fala que a música é uma matriz dinâmica de inúmeras camadas de relações tonais em constante mudança que se desenrola no tempo, através da qual podemos experimentar emoções intensificadas e uma alternância dos nossos estados de consciência. Em virtude da sua qualidade dinâmica, nossa atração básica pela música é ao mesmo tempo física e emocional. Física porque se desloca pelo ar mediante ondas de pressão molecular que podem ser sentidas corporalmente e emocional porque criam ambientes de humor aos quais reagimos em um nível subconsciente e não-verbal. É através da nossa reação física e emocional à música que se desenvolvem atitudes mentais e espirituais que, por sua vez, criam a base do nosso gozo estético. Quando a música é ouvida pela ação dos nossos ouvidos, pode também ser sentida por nosso corpo físico, pois, quando o som se desloca pelo ar, ondas de pressão parecidas com rugas são criadas pelo movimento das moléculas de ar.
Teoricamente, conclui-se que a música é uma expressão de processos biológicos, afetivos, cognitivos e energéticos em um contexto cultural. Isto é, reflete os processos biológicos da respiração e do pulso, transmite uma atitude emocional, é ordenada logicamente conforme o seu material musical singular e dá expressão à comunhão transpessoal dentro de parâmetros culturalmente definidos. Do mesmo modo, a reação à música deve ser física, deve dar expressão a uma experiência emocional, envolver e estimular a mente e ser enriquecedora e animadora para o espírito. A música reflete a atividade e o processo do homem, pois é através dela que o espírito, a mente e o corpo atingem uma unidade de experiência.

Mais informações: Artigo de Cinesiologia Aplicada Christian Moreira Felizardo Cláudio, 2009-1, A COMPLEMENTARIDADE TERAPÊUTICA ATRAVÉS DOS ESTUDOS DA CINESIOLOGIA E DOS CONCEITOS SOBRE A MÚSICA.