terça-feira, 23 de março de 2010

A ESTRUTURA POSTURAL DO NATURÓLOGO DURANTE A APLICAÇÃO DA MASSAGEM


Segundo Andrade e Clifford (2003) a prática de Massagem é a aplicação de seqüências gerais ou regionais de golpeamentos de Massagem como meio de atingir os efeitos terapêuticos específicos no tratamento das afecções clínicas, que faz o uso de manipulações manuais de tecidos moles para aliviar queixas específicas de dor e disfunções. Desta forma, o naturólogo pode atentar-se com as queixas do interagente e colocar como objetivo o alívio de seus sintomas e a causa do processo.
            A prática de Massagem, quando executada de forma inadequada, impõe uma considerável tensão sobre o corpo do profissional. Em particular, os tecidos moles das costas e a cadeia cinética superior estão particularmente propensos à fadiga muscular, hipertonicidade, síndromes de pontos-gatilhos e lesão por esforços repetitivos. Para manter um nível de funcionamento sem problemas e para evitar o comprometimento contínuo, quaisquer profissionais que realizem quantidades significativas de massagem devem estar atentos a sua biodinâmica corporal. (Andrade e Clifford, 2003).
A biomecânica corporal não é somente o segredo para manter a integridade do corpo, mas também é crucial para que a terapia seja eficiente. Ela consiste no uso do bom senso, no que diz respeito ao posicionamento e ao movimento do peso em relação à gravidade. (Clay e Pounds, 2003, p. 13).
            O naturólogo ao executar as técnicas de massagem deve se ater a esta biodinâmica corporal de forma, a prestar atenção específica aos seus movimentos, e com isto, terá o resultado desejado de acordo com a queixa do interagente ou com relação ao que está provocando a dor.     
            Segundo Clay e Pounds (2003) assim como o naturólogo deve assumir uma visão holística do interagente, ao aplicar a massagem deve pensar na biodinâmica do seu corpo de uma forma global. Os naturólogos ao aplicar a massagem não atuam somente com os punhos, os dedos, os polegares, a mão, os punhos, os cotovelos, mas com todo o seu Ser.
 A postura e o movimento eficientes constituem a base clínica da execução efetiva das técnicas de massagem. Os resultados e a característica “sensação” das técnicas de massagem bem realizadas dependem bastante do uso correto dos pés, pernas e aparelho respiratório, por parte do profissional, quando eles fazem o movimento da cintura escapular. (Andrade e Clifford, 2003, p.103).
            De acordo com Andrade e Clifford (2003) existem princípios gerais de mecânica corporal que se aplicam durante a maioria das técnicas de Massagem como:
·  A postura ereta deve ser o mais alinhada possível e ambos os pés permanecem em contato com o chão;
·  O Massoterapeuta reduz a distância vertical entre ele e o interagente por inclinar seus joelhos, em lugar de se inclinar na articulação lombo-sacral;
·  O Massoterapeuta reduz a distancia horizontal entre ele o interagente ao reposicionar as pernas ou deslocar seu peso;
·  Sobre a perna mais avançada em vez de se inclinar na cintura ou se esticar excessivamente, o Massoterapeuta orienta a sua região umbilical na direção do segmento do corpo do interagente que ele está tratando;
·  Os aumentos na pressão são alcançados através do uso controlado do peso corporal, em lugar da força muscular, a inclinação controlada no sentido do ponto de contato com o cliente é aceitável, mas o profissional deve controlar a quantidade de peso corporal que está sendo transferida para o interagente, de forma precisa e contínua;
·  As articulações do Massoterapeuta são posicionadas o mais próximo possível da posição neutra, em vez de serem carregadas enquanto estão numa posição de cadeia fechada.
·  O profissional pode mudar sua posição com freqüência, visando a variar o estresse mecânico que está sendo colocado sobre seu corpo.
            A consciência corporal é um dos aspectos fundamentais para a prática de Massoterapia.
A consciência corporal é onde começa o desenvolvimento de uma estratégia para o autocuidado confiável e de uma mecânica corporal eficaz. Sem ela, andamos ás cegas em nosso trabalho, sem perceber como nossos movimentos, respostas, sensações e sentimentos afetam nossa saúde. (Frye, 2007, p. 2-3)
            A consciência corporal pode ser definida com a soma de vários fatores como, a percepção consciente dos movimentos, das respostas, das sensações e dos sentimentos do seu corpo. Ao desenvolver este estado de consciência, percebe-se padrões sutis de movimento. O desenvolvimento da consciência corporal exige que você esteja mais atento a si próprio e não apenas a atenção em suas mãos ao aplicar a técnica. (Frye, 2007).
            Conforme Frye (2007) ao acrescentar alguns minutos de auto-observação durante as sessões, sendo este um método fácil e produtivo de desenvolver a consciência corporal, ajudará a fazer opções saudáveis entre a mecânica corporal que precede as lesões ocupacionais e mecânica corporal que evita tais problemas. À medida que desenvolve-se esta consciência corporal, começa-se a perceber os hábitos de movimento e estes hábitos são padrões de movimentos que se repetem, sem perceber-se, várias vezes ao longo do dia.     
            O Massoterapeuta acaba transferindo alguns de seus hábitos de movimento cotidianos para o ambiente de trabalho. Por exemplo, quando aplica-se uma pressão, esta pressão será de como se estivesse empurrando um objeto pesado. (Frye, 2007).
            Ao entrar em contato com a biodinâmica corporal relacionada com os padrões diários, e entendendo como é aplicada à mecânica corporal, amplia-se assim cada vez mais a consciência corporal.
Quando você utiliza seu sistema músculo esquelético em condições ideais, seu esqueleto pode suportá-lo e seus músculos posturais podem ficar livres para realizar movimentos sem esforço excessivo. Além disso, ao tomar consciência de quais hábitos de movimento em sua mecânica corporal exigem esforço e quais são fáceis e confortáveis, você aumentará enormemente sua consciência corporal global e, consequentemente, evitará lesões. (Frye, 2007, p. 15)
            A partir do autoconhecimento a respeito da consciência corporal, deve-se ter em mente a utilização do peso do corpo ao aplicarem-se as técnicas de massagem, de certa forma ajudará a não se fazer força demasiadamente e facilitará quando se necessita colocar mais força.
            Segundo Clay e Pounds (2003) ao se usar o peso do corpo e não a força muscular ao aplicar a pressão, essa estabilidade torna-se um elemento chave do processo geral, sendo assim, uma das principais funções dos músculos é estabilizar as articulações.
Mantenha as articulações por meio do qual o peso é transmitido de uma forma reta e não travado, evitando a sua hiperextensão. Se o peso for aplicado por articulações travadas, o efeito será de rigidez total, com fosse um de um bastão. Embora a pressão deva ser exercida pelo peso do corpo, as articulações devem reter a suavidade imposta pela estabilização, em vez de serem mecanicamente travadas em uma posição. A hiperextensão força tanto a articulação como os tecidos moles que a suportam e estabilizam. O uso da força muscular na flexão de uma articulação força os músculos e transmite a tensão. (Clay e Pounds, 2003, p. 14).
            Conforme Clay e Pounds (2003, p. 14) o peso a ser transferido por meio das articulações deverá estar em linha reta, tem-se que manter a “escápula (articulação glenoumeral) voltada para baixo, se caso ocorrer que esta articulação fique voltada para cima”, o peso do tronco indiretamente terá de ser transmitido pelo braço, empurrando-o para baixo na articulação, “quando a articulação glenoumeral é voltada para baixo, o tronco se encontra acima e atrás dela transmite o peso diretamente através das articulações.”
            Sempre que possível apóie a parte do corpo que está aplicando a pressão, ao realizar uma determinada pressão, por exemplo, a ponta dos dedos de uma mão utilizar a outra mão como apoio, realizando dois efeitos, em primeiro lugar o aumento da pressão em potencial, e em segundo a estabilização das articulações envolvidas para proteger as mãos da tensão dos músculos. (Clay e Pounds, 2003).
            Deve-se deixar que o próprio corpo exerça o peso necessário para gerar a força, o peso do corpo do naturólogo geralmente pode ser suportado pelo peso do interagente.
            Um dos materiais mais utilizados e imprescindíveis para aplicação da massagem, não descartando um ambiente agradável com uma música suave e de agrado do interagente, óleos minerais de qualidade, cremes neutros, é a maca. Onde o interagente deverá se sentir confortável, e o naturólogo possa exercer a sua função de forma que não exista sobrecarga e possíveis dores.           
            A maca deverá ser ajustada à altura que permita utilizar o peso do corpo do naturólogo ao em vez de realizar esforços musculares excessivos. “Se a maca for muito alta para o trabalho exigido, seus ombros e a parte superior do seu corpo serão forçados, e se a maca for muito baixa, sua região lombar inferior sofrerá”, Segundo Frye (2007, p. 23).
            Sabe-se que a melhor maca é aquela em que o próprio massoterapeuta descubra que é ideal para ele, com ajustes de altura, que permitam ao naturólogo realizar os movimentos, colocando a força do seu corpo ao invés de utilizar a força muscular.            
            Como as macas são fornecidas em vários formatos e estilos, o profissional deve considerar cuidadosamente as suas necessidades antes de adquirir uma. Qualquer maca deverá ser sólida, estável, fácil de limpar, com pelo menos 180x70 centímetros, e ajustável na altura, visando acomodar diferentes clientes e tipos de trabalho. (Andrade e Clifford, 2003).
            Segundo Clay e Pounds (2003) as macas mais comuns são as portáteis e as elétricas que têm alturas ajustáveis que favorecem a flexibilidade ao tratamento. Os massoterapeutas geralmente ajustam à altura da maca de acordo com sua própria altura e com o tipo de exercício que planejam fazer e a posição do paciente.
            Um outro aspecto que deve ser levado em consideração para o naturólogo e os futuros profissionais da área da saúde que queiram trabalhar com a massoterapia, é a ingestão de água.
A hidratação adequada do corpo é um componente essencial à manutenção da saúde e da vivacidade do terapeuta. A água ajuda a digestão e a absorção dos alimentos, regula nossa temperatura corporal e a circulação sanguínea, transportam nutrientes e oxigênio as nossas células, remove toxinas e outros detritos e também amortece nossas articulações e protege nossos tecidos e órgãos contra choques e lesões. (Frye, 2007, p. 38)
            De acordo com Frye (2007, p. 39) a manutenção da umidade dos pulmões, é outra importante razão para se beber quantidades suficientes de água, à medida que os pulmões absorvem oxigênio e expelem dióxido de carbono, eles precisam manter-se úmidos com a água. A respiração é um aspecto vital da sua estratégia de autocuidado, e a manutenção dos seus pulmões saudáveis. A lubrificação é outra razão para hidratação apropriada. Todas as articulações do corpo são mantidas lubrificadas pela água. O tecido cartilaginoso das articulações contém água, a qual funciona como lubrificante durante os movimentos e o atrito é mínimo. Quando o corpo está desidratado, o nível de energia gerada no cérebro diminui, a desidratação pode causar confusão mental e desorientação.
            Alguns terapeutas sentem fadiga mental, falta de concentração, cefaléia e dificuldade de focalização durante o dia de trabalho. “O ato de beber quantidades suficientes de água todos os dias pode aumentar enormemente seu nível de energia, atenção e focalização”, segundo Frye (2007, p.39).
            Quando fala-se do autocuidado ao executar as técnicas de Massagem, não se pode esquecer das ferramentas pelo qual o massoterapeuta utiliza como suas mãos, seus braços e suas pernas. Mas, a ferramenta mais importante é o corpo como um todo e a consciência corporal da integração do nosso corpo com o seu peso, seu alinhamento, em vários movimentos, desenvolvendo desta forma uma mecânica corporal segura e bem sucedida. Segue abaixo as ferramentas de trabalho do naturólogo ao aplicar a massagem e seus respectivos cuidados.

Mais informações: Artigo de Cinesiologia Aplicada da aluna Michele Freitas, 2009-1

Nenhum comentário:

Postar um comentário